sábado, 9 de maio de 2009

Uma visão consisa da construção histórica das Ciências Sociais, do séc. XVIII até 1945

O crescimento e desenvolvimento das Ciências Sociais do séc. XVIII até 1945. O grande palco é a Europa.

Para percebermos melhor as Ciências Sociais, pensemos na vida como um problema ou uma família de problemas. O que estas procuram, é ajudar a compreender e solucionar esses problemas!

Reflexões sobre a natureza do ser humano e suas relações (com seus semelhantes, com forças espirituais e sobre as estruturas sociais que ele mesmo criou e dentro das quais se move), são questões que já eram feitas pelo homem, tão antigas quanto a história nos conta, tanto por textos religiosos, como filosóficos e ainda a sabedoria oral transmitida ao longo dos tempos e passada a registo escrito, não obstante os resultados serem apresentados sob a forma de revelação ou dedução de algumas verdades.

Estas são raízes, que devido à necessidade do homem moderno (já no séc. XVIII), possuir um conhecimento mais exacto sobre o qual pudesse basear as suas decisões, levam ao surgimento das Ciências Sociais. Homens da ciência, como Galileu, revolucionam a visão que temos do mundo, a maneira como as pessoas até então viam as coisas.

Nessa altura haviam 2 perspectivas, a primeira quase Teológica (a exemplo de Deus, podemos chegar a certezas, e por esse motivo não precisamos de distinguir entre o passado e o futuro, uma vez que tudo coexiste num eterno presente) e a segunda foi o dualismo cartesiano (o pressuposto de existe distinção fundamental entre a natureza e os seres humanos, entre a matéria e a mente, entre o mundo físico e o mundo social/espiritual).

Existe uma rivalidade de hierarquia: o conhecimento tido como certo (ciência) e o conhecimento imaginário (a não ciência).

A alternativa à ciência foi assumindo falta de coesão interna que não ajudava os respectivos praticantes a defender a sua causa junto das autoridades, principalmente, se considerar-se a sua aparente incapacidade de oferecer resultados «práticos». Os cientistas naturais haviam claramente adquirido direitos exclusivos sobre este domínio por volta do séc. XVIII.

Esta necessidade, sentida pelo Estado moderno de possuir um conhecimento mais exacto sobre o qual pudesse basear as suas decisões havia conduzido ao surgimento de novas categorias de conhecimento já no século XVIII, no entanto, tais categorias afiguravam-se ainda incertas nas suas definições e fronteiras. Os filósofos sociais começaram, então, a falar de uma «física social», e os pensadores europeus começaram a reconhecer a existência, no mundo, de múltiplas espécies de sistemas sociais.

A razão por que puderam actuar mais cedo e rápido foi porque conseguiram angariar apoio social e político a troco da promessa de produzirem resultados práticos traduzidos numa utilidade imediata.

No sentido de generalizar, de estabelecer leis universais para a sociedade, marcaram-se posições: num dos extremos a ciência (actividade de natureza empírica) e as humanidades (ou artes e letras, contrapondo a ciência enquanto actividade não empírica).

A sociedade vive transformações extraordinárias, passa a estar mais atenta, a preocupar-se com o que lhe rodeia e crítica tudo o que vê!

A universidade conheceu, assim, um processo de revitalização e transformação. As faculdades de Teologia perderam importância – por vezes desaparecendo completamente, de outras dando lugar a simples departamentos de estudos religiosos no interior das faculdades de Filosofia.

A história intelectual do século XIX é marcada, antes de tudo, por este processo de disciplinarização e profissionalização do conhecimento, que é o mesmo que dizer, pela criação de estruturas institucionais permanentes destinadas, simultaneamente, a produzir um novo conhecimento e a reproduzir os produtores desse conhecimento. Um estudo racionalmente retalhado em cachos de conhecimento perfeitamente distintos entre si.

Elemento essencial neste processo de institucionalização das disciplinas, foi o esforço feito por cada uma delas no sentido de definir aquilo que a distinguia das demais, e em particular o que a diferenciava das que lhe pareciam estar, quanto ao conteúdo, mais próximas no estudo das realidades sociais. Por altura da I Grande Guerra verifica-se um consenso geral em torno de alguns nomes específicos, ao mesmo tempo que os demais eram mais ou menos preteridos. Os nomes em causa eram: a história, a economia, a sociologia, antropologia e a ciência política.

Por volta de 1945, as ciências sociais distinguem-se claramente, por um lado, das ciências naturais – que estudavam os sistemas não humanos – e, por outro lado, das humanidades – que tomavam para seu objecto de estudo a produção cultural, mental e espiritual das sociedades humanas «civilizadas».

Questão que coloco:

Quais os caminhos tomados pelo Ser Humano se as Ciências Sociais não tivessem triunfado?!


Bibliografia: Comissão Gulbenkian Sobre a Reestrturação das Ciências Sociais, Para abrir as ciências sociais. Mem-Martins, Europa-América, 1996, pp. 15-54.